fbpx
  • 11 99280-1737
  • contato@dracristinafarah.com.br

Neuroendócrinas

De todos os tratamentos de que falamos aqui, talvez esse seja o mais desconhecido para vocês por ser mais raro.

Então vamos lá, o que é a neuroendocrinologia?

Basicamente, é a área da endocrinologia que cuida da saúde da hipófise e do hipotálamo, que são glândulas localizadas, aproximadamente, atrás do nosso nariz, dentro da caixa craniana.
O hipotálamo, juntamente com a hipófise, controla a produção hormonal de praticamente todas as outras glândulas do nosso corpo, como:
• Da tireoide (hormônios tireóideos).
• Dos ovários e testículos (hormônios sexuais).
• Das adrenais (cortisol).
• E, ainda, produzem hormônios ativos, como o GH (hormônio do crescimento), Prolactina (muito importante no aleitamento materno) e ADH (responsável pelo controle da quantidade de líquido do nosso corpo).

Os 2 problemas mais comuns nessa região

1.    Sela Túrcica Vazia
Sela Túrcica é o nome da região do crânio onde se encontra a hipófise. O fato de ela se mostrar vazia à Ressonância Nuclear Magnética (RNM) significa que não há (ou não completamente) presença da glândula hipófise na sela, estando vazia. Portanto, a produção hormonal encontra-se muito diminuída, quando não zerada.
A causa mais comum de Sela Túrcica Vazia é a Síndrome de Sheehan, que representa a necrose da hipófise causada por um intenso sangramento uterino na hora do parto. Essa causa vem diminuindo ao longo dos anos devido a melhores condições de parto no nosso país, mas infelizmente ainda acontece.
Nesses casos, como praticamente a produção hormonal da hipófise é bastante comprometida, tem-se que repor todos os hormônios envolvidos ao longo da vida. Porém, com o tratamento bem feito tudo segue normal ou perto disso, sem grandes transtornos.
2.    Tumores neuroendócrinos
Como o próprio nome já diz, são tumores da região do hipotálamo e da hipófise, mas esses tumores são benignos. Ou seja, não são cânceres, portanto não se espalham pelo corpo com metástases, por exemplo. No entanto, nem por isso deixam de causar problemas.
O primeiro problema é anatômico mesmo. Isso significa que, com o seu crescimento, esses tumores começam a empurrar e deslocar estruturas vizinhas e, como dentro da caixa do crânio não há espaço de sobra, essas estruturas vão sendo comprimidas e passam a gerar sintomas, como déficit de visão, alterações no campo visual, dores de cabeça e alteração da produção dos hormônios das células vizinhas.
Porém, um problema acaba gerando outro. Cada hormônio que deixa de ser produzido acarreta ainda outras manifestações, como, por exemplo aumento grande do volume urinário, diminuição de libido, retardo de crescimento em crianças ou até problemas ainda mais sérios, como hipoglicemias (queda do açúcar no sangue) graves.
Além desses problemas anatômicos, os tumores, por apresentarem crescimento do número de células produtoras dos hormônios da hipófise ou do hipotálamo, também podem dar sintomas do excesso desse hormônio.

Calma, vamos entender isso! Lembra-se que eu disse que o hipotálamo e a hipófise são glândulas produtoras de hormônios localizadas dentro do cérebro? Então, se as células dessas glândulas se proliferam, as quantidades dos hormônios que elas fabricam também aumentam.
Com relação aos sintomas que surgirão desse aumento de produção hormonal, tudo vai depender de qual é o hormônio envolvido. Vamos a alguns exemplos:
• Se for um tumor das células produtoras do hormônio de crescimento, então o excesso desse hormônio em crianças levará a um quadro que chamamos de gigantismo. Se ocorrer no adulto é chamado de acromegalia, que significa crescimento das extremidades. Isso porque o adulto já não tem como crescer em altura (gigantismo), então o crescimento se faz principalmente nas estruturas ósseas das extremidades, como, por exemplo, pés, mãos, nariz, fronte do rosto, e podendo ainda haver crescimento de órgãos internos como tireoide, próstata, etc.
• Se for um tumor produtor de ACTH, haverá aumento intenso da produção de cortisol pelas adrenais, surgindo o quadro que chamamos de Síndrome de Cushing, que acarreta problemas como ganho de peso, hipertensão arterial, estrias avermelhadas pelo corpo e até mesmo diabetes (por piora da ação do hormônio insulina, situação que acontece quando o cortisol está muito alto).
• Se for um tumor produtor de Prolactina, haverá frequente diminuição de libido, saída de leite espontânea (ou com uma compressão leve) dos mamilos, impotência sexual, parada da menstruação em mulheres, entre outros.

Entenderam? Dependendo de qual hormônio envolvido, ou seja, qual célula da hipófise ou do hipotálamo se hipertrofiarem, a produção hormonal e os sintomas serão condizentes.

Os tratamentos

Após essas explicações, para nos familiarizarmos um pouquinho com essas duas glândulas mais esquecidas por todos, chegou a hora de falarmos sobre como tratamos essas doenças.
Quando o problema é Sela Vazia, já até comentei antes, temos que repor artificialmente por toda vida os hormônios que não estão mais sendo produzidos.
Quando são tumores, o tratamento vai depender do tipo de tumor em questão. Há alguns que são tratados só com medicamentos, outros só com cirurgia e, ainda, em algumas situações precisamos das duas coisas, ou seja, operar o paciente e seguir com medicações para controle da doença – isso quando a cura não é total apenas com a retirada do tumor.

Uma rápida conclusão

Como vocês devem ter notado se leram até aqui esse texto, a gama de sintomas que podem ocorrer quando há algum distúrbio da hipófise ou do hipotálamo é muito grande, tornando-se até difícil para nós, endocrinologistas, aconselharmos a população do que se deve prestar atenção para o diagnóstico precoce.
Então, como mensagem final, vou reforçar o que acho essencial percebermos em nós e em quem convivemos, pois são sinais mais específicos, com mais chances reais de serem ligados a algum problema na hipófise e/ou no hipotálamo:
Crescimento inadequado das crianças (baixa estatura);
• Aumento considerável do volume de urina ao longo do dia (inclusive acordando a noite várias vezes para urinar);
• Saída de leite espontânea ou com leve compressão dos mamilos (mais comum em mulheres);
• Alteração do campo de visão (não enxergamos objetos que estariam normalmente na abrangência do campo de visão de qualquer pessoa normal);
• Crescimento de extremidades em adultos ou gigantismo (aumento exagerado da estatura) em crianças e adolescente;
• Aparecimento de estrias avermelhadas pelo corpo (normalmente acompanhado de ganho excessivo de peso).

Existem ainda outros sintomas menos específicos que podem ocorrer, no entanto são sinais que também se associam a diversas outras doenças e distúrbios.
Acho importante listá-los mesmo assim porque, normalmente, quando uma pessoa tem algum problema na hipófise ou no hipotálamo ela apresentará uma combinação dos sintomas mais e menos específicos, o que pode facilitar a sua identificação:

• Queda de libido;
• Desânimo;
• Fraqueza;
• Dor de cabeça;
• Ganho de peso;
• Inchaço pelo corpo;
• Diminuição da menstruação;
• Formigamento nas mãos;
• Alteração dos níveis de glicose no sangue.

Bem, acho que falamos bastante sobre esse assunto um tanto desconhecido da maioria (mas não menos importante) e, se vocês tiverem dúvidas ou quiserem saber mais, estou sempre à disposição.

Um abraço e estão convidados a me acompanharem nas minhas redes sociais.

Fale conosco
Olá!
Posso te ajudar?